Aquela História Mal Resolvida

Ouça enquanto lê...



Ela...




Aquele dia parecia normal.
Eu acordei, coloquei minha música preferida pra tocar, tomei meu banho, me arrumei e sai.
Tudo parecia normal até eu olhar aquele banco, daquela praça.
Como uma pancada todas as lembranças voltaram na minha cabeça.
Eu pensei que já tinha superado. 
Eu andei até aquele banco e me sentei.
Quando fechei meus olhos lembrei daquele dia. Lembrei dele.
Lembrei do nosso abraço, do nosso beijo. Das nossas conversas e dos planos para o futuro que fizemos bem ali, naquele banco.
Meu coração apertou e a dor quase saiu pelos meus olhos.
Mas eu jurei pra mim mesma, naquele mesmo banco, que não choraria mais por ele.
Quando abri meu olhos levei um susto. 
Meu coração acelerou. Eu gelei. Minhas mãos ficaram molhadas. Eu comecei a suar frio.
Não podia ser.
Será que era minha imaginação? Acho que ainda estou de olhos fechados.
Pisquei mais algumas vezes mas ele ainda estava ali.
Era ele. Parado bem ali na minha frente. 
Ele estava tão bonito. Acho que uns dias sem a minha presença acabou fazendo muito bem pra ele.
Ali estava ele, me olhando com aqueles olhos verdes tão quentes. 
Uma mão no bolso e outra segurando seu copo de café.
Eu devia acenar? Devia ir até ele? Devia chamá-lo? Devia apenas sorrir?
Por fim resolvi não fazer nada.
Só olhei para o relógio e me dei conta de que estava atrasada.
Peguei minha bolsa, me levantei. 
Ele ainda estava ali. Deu um gole no seu café.
Eu olhei bem para ele pela última vez.
Sorri para mim mesma e tomei meu caminho.
Um pouco antes de chegar no meu destino os olhos dele ainda não tinham saído da minha cabeça.
Não sei o que estou sentido.
Não senti saudade. Não senti vontade de voltar. Não senti vontade de sair correndo para abraçar ele.
Não senti nada.
Ajeitei meus óculos no meu rosto, ergui minha cabeça e sorri.
Eu finalmente tinha superado.






Ouça Enquanto lê...



Ele...



Sonhei com ela naquela noite e o dia já começou estranho.
Um vazio novo apareceu no meu peito. 
O que seria aquilo?
Nunca fui de sentir saudade.
Pra falar a verdade, sou eu quem deixo saudade. 
Agora que me ouvi falando isso reconheci aquele cafajeste que ela me julgou ser.
Falando nela, como será que ela está?
Será que hoje ela também acordou sentindo minha falta como eu estou sentindo a dela?
Pensando bem, acho que errei com ela. 
Nunca conheci alguém assim, que me faz sentir coisas na barriga e que me conhece só com um olhar.
Falando em olhar, que saudade daquele olhar. 
Aqueles olhos azuis coloria os meus dias mais cinzas.
E aquele sorriso que ficava tão provocante naqueles lábios vermelhos.
Meu Deus, como eu sinto sua falta.
Na fila do A Quick Stop me lembro da primeira vez que ela experimentou meu café e não gostou.
Ela não gostava de café, mas gostava de cappuccino. Vai entender.
Ela era difícil de entender. Mas me encantava com cada coisa nova que eu descobria sobre ela. 
Eu preciso vê-la. Preciso me desculpar. Reconquistar ela, quem sabe?
Eu sinto tanto a sua falta que nem me dei conta quando cheguei na praça.
Aquela praça.
Meu coração começou a acelerar e aquelas coisas surgiram na minha barriga de novo. 
Era ela. 
Estava tão linda.
Sentada naquele banco. O nosso banco.
Estava com os olhos fechados, estaria pensando em mim? Em nós?
Minhas mãos gelaram no mesmo instante que ela abriu aqueles olhos azuis. Estavam tão azuis naquele dia tão frio e nublado.
Ah, eu sinto mesmo a falta dela.
Eu devia ir até lá.
Eu devia pelo menos sorrir.
Mas não consegui. Fiquei parado feito uma estátua. 
Queria que fosse possível voltar no tempo pra não magoar ela.
Eu sinto tanto a falta dela.
Logo ela se levantou e foi embora.
Eu mais uma vez assisti ela partir.
Naquele momento me dei conta de que nunca mais seria o mesmo.
Eu tinha perdido uma parte de mim.
É dela que eu preciso pra preencher esse vazio no meu peito.
Quem dera se nosso caminho se cruzasse de novo e eu pudesse ter só mais uma chance.
Eu preciso dela.




Continua...




Texto: Raquel Souza
Fotos: Giovana Zanarde
Modelos: Felipe Dubeski e Rafaela Barros

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